Havia, em uma terra distante, um mago muito talentoso, porém muito solitário. Por toda a vida ele fora discriminado pela sua altura e cor da pele. O baixinho negro, anão preto e muitos outros apelidos lhe eram dado. Graças a todas essas ofensas, ele foi morar junto com seu jovem aprendiz e seu cachorro em uma casa no meio da floresta, longe de tudo e de todos.
Em uma de suas caminhadas, ele encontrou uma planta estranha, uma planta jamais vista por nenhum homem ou garoto. Era uma flor com tons de verde bem chamativos com alguns traços de um violeta muito lindo. Como havia mais de uma dessa planta nos arredores ele arrancou uma amostra e levou até o seu laboratório para fazer experiências.
Após dias, ele conseguiu preparar uma poção, parecia água, mas havia um perfume. Um perfume maravilhoso, quase hipnotizante de tão delicioso que era o cheiro.
Experimentou como colônia: Não deu certo;
Experimentou como uma cura aplicando-a sobre a pele: Não deu certo;
Até que, em um momento, ele teve uma ideia de ingerir. Ao fazer isso, ele olhou para o rosto de seu aprendiz. Descobriu que não via-se mais uma face, mas sim uma caveira em seu lugar.
Ele pensou. Viu que estava infeliz longe do povo que ele costumava ajudar, os poucos que não o discriminavam. Lembrou da fonte da vila. E, com a mais pura das intenções, ele pensou em "enfeitiçar" todos para que jamais vejam sua cor.
Assim, na calada da noite, enquanto todos estavam nos braços de Morfeu, o velho mago derramou um jarro da poção e esperou. Após uma semana ele voltou. Todos estavam desesperados, com medo do que ocorrera. Para eles, acham que perderam seus rostos quando, apenas, viam o que havia por detrás da face.
Um ano se passou, o velho mago continuou morando na vila. As pessoas já acostumaram com tal aparência. Após alguns anos de convivência, o mago chegou finalmente ao seu leito de morte. O seu aprendiz, que nunca o abandonara, perguntou se havia um último pedido que o mago queria que ele fizesse antes da morte do velho. Já que não saía muito, perguntou se o povo estava feliz com o que ele fez. O jovem, abrindo um sorriso, respondeu-lhe:
-Mestre, o senhor é uma pessoa muito pura e gentil, sei que sabe disso. O que fez por essa gente foi a melhor coisa possível. Ao se verem todos iguais, não havia mais discriminação. Jamais houve ou haverá pessoas mais felizes do que essas. Andando pelas ruas, eu descobri o motivo. Antigamente, as pessoas caracterizavam cada um pelo o que viam, como cor da pele, grau de beleza, entre outras características. Após se verem iguais como sempre foram por detrás de tais características, eles passaram a se caracterizar pelo caráter de cada um, pela qualidade de suas respectivas almas. A verdade é que, quando isso aconteceu, todos se esforçavam para serem uma pessoa melhor. O senhor sabe, melhor do que ninguém, o quão ruim é ser discriminado, e você curou essa gente desse mal.
E assim, o mestre fechou os olhos com um grande sorriso e parou de respirar sem desfazer o sorriso mais belo e sincero que jamais houve.
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